De longe, pude ouvir vozes nervosas falando entre si, um grupo de amigos que parecia não entrar em acordo com alguma coisa. Ali, num daqueles pequenos hotéis de cidade pequena do interior, na fronteira do país, num dos lugares mais aconchegantes do mundo, pude ouvir um amontoado de reclamações. Era mesmo um grupo de amigos? Dois gajos, duas raparigas. Três, a terceira se levantou de uma pilastra na qual estava encostada. Dava para sentir a ira dela de longe. Era uma loura natural, olhos azuis, corpinho magro, cara de rica chata. E que visão ridícula! Ridícula e deliciosa. Me perguntei quais tipos de homens se curvariam para um par de seios limões e uma vagina mal penetrada daquela forma. Números não importam se o prazer não tem sentido. Aquele grupelho fazia o típico povo sul americano da parte mais europeia.
Fui até a venda da esquina e comprei um pacote de salgadinho e uma sprite. Voltei para o hotel e aquele grupelho finalmente desapareceu com seu falatório, embora a imagem daquela fêmea tivesse despertado uma forte impressão em mim. Mas não passava disso. Apenas uma forte impressão. As coisas haviam andado um pouquinho. Enfim, paz! Como soube que era melhor não perder tempo, fui procurar as gurias na internet, mas não exatamente da forma como vocês pensam. Procurei por referências de lugares onde as mulheres gostavam de passear na noite. Capital, Montevidéu. Depois, consegui os endereços de uns bons lugares onde as pessoas poderiam se relacionar intimamente. Obviamente, somente homens sabiam melhor dessas coisas. Infelizmente, a sociedade inteira se moldou para que nós corramos atrás delas, e não o contrário, embora o contrário é que deveria ser lógico e natural, normal.
Juntei minhas coisas e paguei uma diária, pois precisaria de uma vaga para ajustar meu carro. Um pequeno imprevisto que só me daria chance de chegar na capital durante a noite. Uns cavaletes e um macaco emprestado de uma oficina que havia por perto. Algumas horas depois e estava tudo resolvido. Havia um pequeno vazamento na linha de combustível. Decidi comprar uma tubulação nova e instalar imediatamente.
Finalizado esse detalhe do carro, pude então passear rapidamente até a cidade. Conheci alguns bares bacanas, ouvi uma música suave, degustei quitutes adoráveis, mas fiquei bem de olho nas queridinhas que estavam ao redor. Nada muito diferente do que eu esperava. Quando a noite enfim chegou, pude vagar pelas ruas mais desejáveis e vi só algumas prostitutas disponíveis. Em mais uma parada, fui exercitando meu "portuñol" básico. Apesar das beldades estarem interessadas em mim, eu só podia escolher uma. Escolhi uma bonitinha para sair um pouco. Fomos até um motel, que era bem engraçado, num prédio minúsculo. Por lá tivemos uma linda interação, foi bem gostosa e sentimental.
Seu nome era Eva. Seu cabelo marrom escuro contrastava lindamente com os olhos marrons e a pele bem clara. Queria vê-la ao modo natural, então pedi a ela para tomar um banho. O banheiro daquele motel dava pena, nem mesmo o banheiro na minha casa (que também fazia parte da minha loja) era tão rústico assim. Rústico porque tinha somente o mínimo mesmo. Água, um tapete de borracha, um chuveiro, ralo, uma cortina transparente e olhe lá. Na recepção, consegui um sabonete com uma empregada do local. Subi de volta ao quarto e pude vê-la despida. Claro, os hormônios masculinos subiram meu mastro, Eva adorou ver minha potência.
Mas, ela ficou surpresa ao saber que eu sabia me conter. Ela me contou que a maioria dos homens já partia para devorá-la a toda velocidade. Obviamente ela passou a saber um pouco mais da minha verdadeira personalidade. A mente de um príncipe deve ser inabalável e flexível, como bem diz Niccolo Machiavelli. Ela passou a gostar ainda mais de mim, criou uma confiança. Meu plano não era algo espalhafatoso. Ela terminou o banho e depois fui eu. Ela deu algumas risadinhas do meu corpo, mas ela adorou ver aquele porrete duro de 16 cm na cor marrom. Não era preto e comprido pendendo curvado pra baixo, mais parecendo um cocô, nem uma minhoca branca. Era um belo mastro marrom. Ela me perguntou se eu tinha medo de traição. Disse que não, pois minhas experiências com garotas na adolescência eram muito românticas e nem cheguei a transar nesse tempo. Aqui ela entrou no modo "protesto". Disse que eu deveria sair por aí e catar mais garotas. Como se isso fosse a coisa mais fácil do mundo. Foi uma parte interessante da conversa.
- Me dê uma Ferrari que eu estaciono na sombra e ainda escolho a menina mais feia ou chata do clube! - disse eu.
- Mas isso não faz sentido. - respondeu Eva.
- Como?
- Você desperdiçaria eu se eu notasse você e me atirasse pra cima de você?
- Sim, justamente por isso.
- Porquê?
- Porque vocês mulheres se odeiam, mas odeiam ainda mais quando um homem cata uma garota mais feia do que o seu padrão de beleza pessoal. E com isso digo sua própria aparência, não sua idealização de beleza.
- É... você tem razão.
- Além disso, eu tive uma fase muito inocente na minha vida. De sempre me ver como um príncipe que deveria enfrentar o mundo para encontrar uma princesa. Morrer em batalha, por tal honra, é ridículo demais. São vocês que deveriam se arriscar por nós, para ver o quanto sofremos.
- Não exagere, seu boca mole!
- Exagerar? Ha-ha-ha!
Em seguida, o silêncio, eu havia desarmado o argumento feminino. Recomecei.
- Encontrei uma loura bonitinha vindo para cá. Estava com um grupo de amigos. Pura oportunidade. Ela parecia querer sempre ser a mais bonita e rodeada de atenção. Típica patricinha mimada. Mas, a julgar que eu tive uma vida de filho único e solteiro até agora, consigo entender esse lado dela. Mas, sou homem, eu mesmo não tenho que deixar que os outros façam me sentir pressionado ou me colocar em pressões inúteis.
- Você ficou vidrado nela?
- Pode ser, mas com uma rapariga como você, quem precisa de uma patricinha?
- Sou uma "paty" também, meu querido!
- Pode ser plausível.
- O que não te contam é que isso é uma verdade para algumas dessas ricas que você vê. Embora...
- Mas aí é sexo pago por diversão, não por necessidade. - interrompi.
- E qual o problema?
- Na prática... nenhum. Enfim, tem de todos os tipos. Para todos os tipos de clientes. É, obrigado por me lembrar disso! No fim, sou o único príncipe prostituto desse lugar... depressivo, não?
Ela olhou para baixo, com um sorriso meio triste. Saí do banho rapidinho e vesti minhas roupas. Sentei na cama ao lado dela. Nos abraçamos e contemplamos o momento. Na prática eu não queria muito fazer sexo penetrativo, mas sentia que minha virgindade definitiva não poderia esperar mais um dia. Pedi a ela para fazer um gostoso boquete em mim. Queria que minha primeira vez tivesse sido super especial, com todo um significado romântico e profundo por trás daqueles gestos. Mas, enquanto eu era saboreado por uma queridinha rica, pensava em outras coisas. O prazer era bom, mas ainda havia algo em minha mente que não tirava a outra patinha loura da minha cabeça.
Olhava para Eva, mas queria que aquela loura estivesse no lugar dela. Claro que eu não podia desperdiçar um momento de sexo bem feito e bem pago. Sexo não era tudo aquilo imaginado e fantasiado pelas pessoas. Ao menos, o sexo romântico e poderoso não era aquilo. Aquelas mãos pequenas fazendo um gostoso carinho nas minhas bolas, cada beijinho que Eva dava na glande, a língua dela rodeando tudo como quem comprou o melhor pirulito na venda da esquina... mesmo com todo aquele prazer, meus olhos só queriam soltar lágrimas. De alívio? De alegria? De tristeza? Aquela maravilhosa confusão de sentimentos, ela nunca iria esquecer. O cliente mais romântico de todos! O príncipe! Eu!
Assim, um momento romântico ficou marcado naquela prostituta rica. Foi uma doce oportunidade, foi a beleza do acaso e de um serviço bem feito. Terminamos nosso namorico e passamos o resto da noite passeando aqui e ali para nos divertirmos. Ao raiar de outro dia, eu entrei no carro e fui em direção à balsa com rumo a Buenos Aires. E, adivinha só quem eu não queria encontrar enquanto aguardava a minha vez de rasgar as rodovias dos nuestros vecinos? Aquela mesma turminha mequetrefe, com direito a uma guria loura me encarando a viagem inteira e mais um maluco naquela turma que me olhava torto. Nem te conto a confusão que entrei!
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epílogo 1
Vários anos depois, Eva, com algumas rugas de uma meia-idade e morando em Cancún (México), se lembraria daquela noite. Um encontro que levou a uma despedida harmoniosa, embora nunca mais tenham se visto depois daquilo. O impacto que o garoto causara nela, deixou uma marca profunda. Ela conseguia esquecer ele quando bem quisesse, mas as palavras dele ecoaram. Um boquete tranquilo e jeitoso, tal como ela, assim como toda mulher, almejaria fazer em seu marido definitivo após incontáveis dias cansativos de trabalho ao longo dos anos. No fim, nem mesmo a mais segura das prostitutas conseguiria segurar aquele garoto com suas verdades e naturalidades universais.