Apenas fui. Fui mesmo. Meti o pé da "paluistéia" em direção a algum lugar ao sul. Argentina? Chile? Uruguai? Comecei pelo Uruguai mesmo, lugar pequeno e pacífico. Passando pelo sul do Brasil, sempre ficava curioso por saber como esse pedaço europeu é mais uma espécie de Disneyland ou Hollywood sobre a Europa, do que ser parte de algo maior. Sabem o que encontrei? Mais prostitutas. Na boa, que se danem as mulheres normais do dia-a-dia nesse ponto. Já não consigo olhar pra nenhuma mulher na rua sem que ela sirva para duas coisas: encher o saco ou ser preenchida pelo meu saco.
Não falo isso por maldade, apenas constatei a realidade como ela é, como a maioria dos homens trouxas e iludidos insistem em não entender. Deixam levar tudo em nome da honra, de uma satisfação moral que não existe na cabeça das mulheres (do contrário, se a moralidade existisse para a mentalidade feminina, elas defenderiam todos os homens de absolutamente todas as mazelas do mundo, morreriam por eles). Ao que interessa, todas são interesseiras por natureza. Fiz tal constatação ao passar em mais um bairro "motelizado" na noite, ali pelo centro de Porto Alegre. Uma última parada para adentrar no mundo aberto que me aguardava. Acontece que só encontrei um posto 24 horas ali por perto, não queria ficar com nenhuma brasileira euro ou afro. Quase esqueci de dizer que eu era totalmente apolítico. Não gostava dessa perda de tempo que homens sofriam em suas vidas, tentando provar algo moralmente correto. Se já não existia moralidade correta, então porquê insistir num discurso de moralização da liberdade ao invés de realmente vivê-la como se devia?
Enquanto o carro era abastecido e completado com óleo, eu contemplava o novo jogo de pneus que eu poderia estrear por lá. Meu carro era uma casca oca, vazia por dentro, apenas com o necessário para o motorista e um passageiro de emergência. Uma bolha de competição, com um porta-malas estendido, digamos assim. Um reflexo da minha personalidade. Aparentemente nada por dentro, mas o que importava era o potencial do cérebro, do coração e a simples beleza externa. Uma enorme asa GT na traseira, o indicativo de que eu não me importaria em despachar qualquer idiota no caminho. Os 300 cavalos debaixo do capô só vieram de uma forma bem segura. O que mais me importava era o meu desempenho final, a relação peso-potência para abraçar todas as curvas com perfeição. Deixe os idiotas voarem nas retas; é um raro conselho meu. Para correr em caminhos tortos era preciso abrir mão de muita coisa.
Enquanto o vento da noite soprava no meu rosto, contemplava a filosofia ocidental, enraizada na ciência moderna. Individualismo, protecionismo, liberalismo... e ainda sim os homens e mulheres traiam os ideais pelos quais tudo dependiam. Quantas feministas desejaram ser dominadas na cama por um homem? Todas elas! Quantos machistas se empenhavam em conquistar o mundo para colocá-lo nas mãos de suas fêmeas? Todos eles! Eu só queria o bem para mim, e foda-se o resto. Um dia, se conseguisse morar no coletivismo de terras distantes... talvez eu abandonasse minhas defesas. Mas, com o tanque já cheio e o frentista pedindo o cartão, efetuei o pagamento e fui embora.
Embora fosse uma delícia viajar sozinho, voando com os faróis apagados na rodovia, para nenhum policial me perseguir ou me avistar com certa facilidade (eu era mesmo um piloto de jato experiente em me camuflar usando outros carros), ainda teria que cruzar a fronteira e acertar uma documentação. Precisaria de mais meio dia nesta bosta de Brasil, mas nada muito emocionante. Assinado e pago, cruzei a fronteira e entrei no pequeno Uruguai. Meus truques funcionavam tão bem que eu ficava assustado comigo mesmo. Ah, se o crime compensasse... quer dizer, compensa diante do pensamento ocidental (aí estão os políticos para servirem de prova do que eu digo). Com um livro vermelho e as sábias palavras de Mao Zedong sempre que fosse útil, eu buscava entender e dar mais liberdade a mim mesmo.
"Que venham todas as putas do mundo!!!"... Ao menos era isso que soava na minha cabeça, ao parar num pequeno hotel e me deparar com uma loura pecaminosa no caminho. Aqui é onde a história começa ir para um lado... digamos... que eu não gostaria que fosse.